segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Hope


Um filme maravilhoso para terminar o ano.

Compreender. Lutar. Sobreviver. Fé. Esperança. Muita esperança.

Assim seja 2013.




sábado, 8 de dezembro de 2012

Hard times


A I. foi minha assistente numa das cadeiras do meu primeiro ano da Faculdade. Amigos e interesses comuns voltaram a juntar-nos mais tarde e a amizade foi-se estabelecendo. Trabalhámos juntas em alguns projectos e ajudei-a como podia quando a tese de doutoramento dela se arriscava a ir para as urtigas.

A I. é uma lutadora mas tem levado alguma pancada da vida, que por vezes é mesmo madrasta para quem não merece.

Hoje a I. telefonou-me e quando a ouvi pensei o pior, já que a mãe está gravemente doente. Mas para além da doença da mãe a I. tinha outros motivos para o desespero que se notava na sua voz.

No princípio da semana foi sumariamente despedida, sem qualquer aviso prévio, porque a empresa está a fazer uma redução drástica de pessoal.

A I. tem mais 5 anos que eu, era extraordinariamente competente na sua área, deu rios de dinheiro a ganhar à empresa durante os anos que lá trabalhou e foi tratada duma forma tão reles que me deixou nauseada.

Será substituida por uma ou duas pessoas muito mais baratas e, com toda a certeza, muito menos competentes.

Como é que chegámos a esta merda de situação?




segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fome


Que me lembre nunca passei fome na vida. Que me lembre.

Mas sei que nos primeiros anos da minha vida a família, de classe média baixa, não nadava em dinheiro.

Deixei de ser amamentada aos 3 meses e ouvi dizer que o leite em pó que bebia era dado pela assistência pública.

Recordo muitos guisados e empadões, que carne era bem precioso. E muita carne de cavalo, bem mais barata que a de vaca e vermelhinha, boa para evitar anemias. E puré de batata misturado com toucinho salteado, rico pelo sabor da gordura mas pobrezinho de proteínas (não, não era acompanhamento, era mesmo prato principal). E sopas que eram uma refeição, espessas, feitas numa grande panela, onde a colher de pau se mantinha em pé. Não era comida nem de rico nem de pobre. Era de remediado

Mas fome, sei que nunca passei.

Por isso fiquei contente pela campanha deste fim de semana do Banco Alimentar ter sido um sucesso. A crucificação bloguista da Isabel Jonet não passou disso mesmo e milhares de voluntários recolheram toneladas de donativos duma população solidária para uma população cada vez mais empobrecida.

Calculo eu, que nunca passei fome, que quem passa fome precisa é de comer. E quem tem a barriga a dar horas não quer saber se o pouco que lhe cai no prato vem com a bênção e os discursos inflamados da esquerda-caviar ou com a caridadezinha das tias-dos-cházinhos.

Quer é comer. E matar a fome.