sexta-feira, 20 de abril de 2012

Eu também nasci na MAC

Eu e mais de meio milhão de portugueses.

Se acho que se deve manter como maternidade? Não sei, mas penso que não. Nascem cada vez menos crianças em Lisboa. A oferta nesta área é grande. Cada vez mais as grávidas procuram os privados ou as PPP. É possível entrar num qualquer dia, numa qualquer maternidade do SNS na Grande Lisboa e não encontrar uma única parturiente a falar português sem sotaque brasileiro, eslavo, cigano ou de qualquer país africano.

A MAC presta serviços que não são passiveis de ser conseguidos nas outras instituições congéneres? Penso que não. Não tenho dúvida alguma que tem excelentes profissionais. Que continuarão a fazer um bom trabalho onde quer que estejam. Embora nem sempre seja fácil transformar bons elementos individuais em boas equipas e isso pode ser uma perda.

Do ponto de vista de gestão de recursos faz sentido fechar a MAC? É capaz de fazer.

As instalações da MAC estão velhas e degradadas? Provavelmente estão e a manutenção e remodelação não devem ser baratas.

Fechar a MAC não trará nenhum dano irreparável aos cuidados materno-infantis e de saúde da mulher. O seu encerramento não me choca.

Mas o que é que vão fazer com o edifício emblemático, implantado numa área considerável da zona mais central de Lisboa? Apesar da crise, não tenho qualquer dúvida que os abutres da construção imobiliária já estão a rondar o edifício moribundo. Que será vendido ao desbarato, ficando os cofres públicos com umas migalhas e os bolsos privados com milhões. Se o conseguirem será uma vergonha, considerando que o espaço foi DOADO com o fim expresso de nele ser construído um serviço de cuidados materno-infantis.

Será que não é possível congregar esforços e recursos para transformar o edificio de Ventura Terra num museu de assistência pública, de cuidados maternos infantis, de história da medicina, sei lá? Por exemplo.

É isto que me choca.

E eu gostava tanto de dizer um dia: eu nasci neste museu.

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